A Imagem corporal: Percepção ou Impressão sobre nós mesmos?

Imagem corporal é definida como a representação ou figura que os indivíduos criam sobre o seu próprio corpo.  Por tratar-se de uma representação, integra os níveis físico, emocional e mental em cada ser humano, a respeito da percepção de seu corpo. 
A imagem corporal não é apenas uma percepção, pois se constitui a partir das impressões que o córtex sensorial armazena, formando esquemas, que modificam as impressões produzidas pelos impulsos sensoriais. Então, o que enxergamos no espelho, não é a leitura direta do que nossos olhos vêem, mas é uma concepção influenciada por nossos ‘pré-conceitos’.
Estes conceitos, esquemas, impressões, são constituídos desde a infância até a velhice. Quando crianças, começamos a reconhecer que a aparência das pessoas pode ser mais, ou, menos desejável. Desde cedo aprendemos a distinguir entre os conceitos de "bonito" e "feio", assim como realizamos comparações entre características físicas com nossos pares. Na adolescência, os conceitos tornam-se discriminativos na constituição dos grupos sociais, e muitas vezes, acaba-se utilizando o conceito do grupo para constituir o seu próprio conceito ideal.
Os grupos sociais e culturais com o qual o indivíduo convive no decorrer de sua história também influenciam a constituição desta imagem. As interações permeadas por informações advindas do contexto cultural, interações grupais e familiares, acabam por alcançar o espaço individual. As pessoas são pressionadas em numerosas circunstâncias a concretizar em seu corpo, o estereótipo ideal da cultura do meio em que estão inseridas.
Há estudos científicos demonstrando a influência da mídia nos processos de construção da própria imagem. A ânsia por ter um corpo perfeito e a propagação de ideais de magreza ganha destaque no cotidiano atual. Ao passar em qualquer banca de revista depara-se com uma infinidade de publicações que prometem maravilhas, ou mesmo milagres instantâneos, nesse caminho da transformação corporal. Possuir um corpo próximo ao modelo estético parece garantia de felicidade e realização plena, cria-se uma imagem baseada na idealização. Cria-se uma regra em que para ter competência, superioridade e sucesso, deve-se estar dentro de padrões pré-estabelecidos, tornando-se assim intrinsecamente a imagem corporal, associada à autoestima. Logo, se o indivíduo acredita que não se encaixa no padrão corporal estabelecido, se sentirá inferior, mal sucedido, incompetente.
Para resolver esta questão, os indivíduos acabam por vezes se submetendo à inúmeros procedimentos estéticos, uso de medicamentos, dietas. Porém, mesmo esgotando tais recursos, nunca se encontram satisfeitos com o resultado conquistado. Isto se deve ao fato de o problema estar além das suas medidas físicas, mas no julgamento de suas crenças sobre si mesmo e na auto exigência que tem a seu respeito.
É necessário então desconstruir e flexibilizar tais padrões e convenções desadaptativos. É necessário encontrar o equilíbrio que contemple a saúde física e mental do indivíduo, afastando sentimentos desconfortáveis como a ansiedade e a tristeza. O indivíduo precisa buscar desenvolver uma avaliação multifacetada de seus valores pessoais, fazendo sua autoestima apoiar-se em outros atributos além da aparência.

Referências bibliográficas:

Beck, J.S. Terapia cognitiva para Desafios Clínicos - o que fazer quando o básico não funciona. Porto Alegre: Artmed, 2007
Duchesne, M.; Appolinário, J.C. Tratamento dos transtornos alimentares. In: Rangé B, editor. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. São Paulo: Artmed; 2001. p. 317-31. 
Duchesne, M.; Almeida, P. Terapia cognitivo-comportamental dos transtornos alimentares. Rev. Bras. Psiquiatr. Vol.24  suppl.3 São Paulo Dec. 2002
         Knapp, P. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica . PortoAlegre: Artes Médicas, 2004.
          Veras, A. Desenvolvimento e construção da imagem corporal na atualidade: um olhar cognitivo- comportamental. Rev. Brasileira de Terapias Cognitivas. Vol. 6 nº2 – Jul. à Dez. de 2010


Revisão Bibliográfica 
Andresa Soster
Psicóloga
Terapeuta Cognitivo-Comportamental



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